Recordação e memória: entenda o lado sentimental do apego às coisas
Os objetos fazem parte da nossa vida. Desde pequenos, temos nossos itens preferidos, como brinquedos, fraldas de pano, cobertores etc. Na fase adulta podemos ter cartas, roupas, utensílios de casa, livros, e por aí vai — objetos que guardamos para preservar a recordação e memória de um tempo ou momento importante para nós.
A lista de possibilidades é extensa, pois varia de pessoa para pessoa, e cada indivíduo tem sua particularidade, sua vivência e seu gosto pessoal. O difícil é encontrar alguém que não tenha ou teve algum objeto de estimação — afinal, apegar-se é natural do ser humano.
Contudo, existe uma linha tênue que separa guardar objetos por recordação e memória de forma saudável e guardar por apego excessivo. Somente nós mesmos podemos decidir se guardamos algo por afeto ou se somos acumuladores.
Acompanhe o texto a seguir e saiba mais sobre o assunto!
Por que guardamos os objetos? Pelo simbolismo.
A resposta para essa pergunta está no fato de transformarmos objetos em símbolos.
Nossa história é repleta de momentos e pessoas de que gostaríamos de nos lembrar para sempre. Mas, como nossa memória nem sempre dá conta de armazenar tudo o que queremos, usamos os objetos para servir de auxílio ao nosso cérebro.
O simbolismo que atribuímos aos objetos, situações e lugares é o que dá a eles valor emocional. Por isso, guardar de forma carinhosa algo que fez parte da sua história é perfeitamente aceitável e normal.
Por que as crianças se apegam aos objetos?
A maioria dos pequeninos passa por uma fase que os psicólogos chamam de apego ao objeto de transição. A criança se apega em demasia a um objeto, elegendo-o como seu preferido e carregando-o para todo lugar que vai.
Em geral, essa fase acontece quando a criança começa a sentir falta dos pais — principalmente da mãe, quando, por exemplo, ela volta a trabalhar e o filho tem que ficar mais tempo sem vê-la.
Dessa maneira, a criança transfere seu afeto ao objeto como uma forma de suprir a ausência maternal. Esse apego é muito comum e só deve gerar preocupação caso o pequeno deixe de fazer atividades em grupo para brincar sozinho com o objeto, ou não se desapegue dele mesmo depois de crescer.
Como saber se o hábito de guardar é saudável ou não?
Como já mencionamos, guardar alguns objetos é comum ao ser humano. Porém, quando esse ato passa a ser um transtorno, pode trazer situações desconfortáveis para o acumulador e para as pessoas em seu convívio.
Abaixo, temos alguns exemplos de perguntas que podem ser feitas para saber se o apego é saudável ou não:
- Eu deposito minha alegria no fato de possuir esses objetos?
- Eles preenchem um vazio em mim?
- Preciso, realmente, disto para me lembrar do passado?
- Como seria minha vida se eu não possuísse mais tais objetos?
Para obter as respostas, é preciso ter sinceridade consigo mesmo.
Um próximo passo é imaginar a sua vida sem ter aquele objeto e analisar o sentimento que vem à tona quando pensa nessa hipótese. Se for dor, tristeza ou outro sentimento do tipo, é hora de procurar ajuda profissional.
Quem está no comando?
Guardar alguns objetos pode ser sinal de que não se resolveu algo do passado. Mas, continuar a tê-los pode trazer mais angústia e sofrimento do que se livrar deles.
Objetos não anestesiam sentimentos vivenciados — pelo contrário, são tentativas frustradas de reviver o que passou ou de fugir das emoções não curadas. O acúmulo pode ser um sinal de que a pessoa não está sabendo lidar com as perdas e separações.
Contudo, somos nós que damos poder aos objetos. Ao observar com atenção e considerar a realidade, percebemos que eles não têm nenhum domínio sobre nós.
Quando “guardar” coisas se torna uma doença?
Em qualquer área da vida, o exagero não faz bem. Até mesmo as coisas boas, quando em grande quantidade, são prejudiciais.
Psicólogos e psiquiatras alertam para quando o acúmulo se torna uma patologia. Quando o guardar deixa de ser por afeto a uma recordação e memória e passa a ser um ritual sem controle, uma compulsão.
Para saber se há indícios de uma patologia, alguns pontos podem ser observados, tais como:
- se os objetos guardados têm utilidade;
- se invadem espaços da casa que, originalmente, não seriam destinados a eles;
- se os objetos são considerados uma extensão de si mesmo;
- se o impulso de acumular se tornou incontrolável e começou a interferir nas atividades do dia a dia ou nas relações interpessoais.
Quando os objetos servem para preencher vazios emocionais, ainda que momentaneamente, já que não é possível que esse preenchimento seja duradouro, está na hora de procurar um especialista.
No entanto, é preciso ter cuidado com pessoas que desenvolvem esse tipo de patologia. Tentar tirar seus pertences acumulados a qualquer custo pode gerar uma grave crise emocional.
Por que guardar algo de que gostamos?
Algumas lembranças são permanentes, mesmo que não queiramos tê-las. Imagine, então, as que queremos guardar para sempre! O que carregamos na memória faz parte de nós. Por isso, devemos guardar bem o que nos é caro.
O cuidado para preservar alguns objetos é importante, uma vez que nada é eterno. Porém, cuidando podemos prolongar a vida útil ou a boa estética das coisas que gostamos.
Alguns objetos, como fotografias, jóias, livros, CDs e DVDs, por exemplo, precisam de um armazenamento específico, para que não sejam danificados. Assim é com vários outros itens, pois cada objeto tem a sua forma correta de ser guardado.
Como se desfazer do acúmulo desnecessário?
Arrumar armários e “quartinhos da bagunça” não é tarefa fácil. Demanda tempo, energia e uma boa dose de desapego. Por esse motivo, daremos algumas dicas para que você deixe sua casa em ordem. Acompanhe:
Vá por partes
Não queira arrumar toda e qualquer caixa, gaveta ou armário que veja pela frente de uma única vez. A arrumação é um trabalho exaustivo e mexerá com sua recordação e memória, podendo trazer à tona várias emoções. Por isso, deve ser feita aos poucos.
Além disso, fazer tudo em um único dia é correr um grande risco de não obter sucesso na limpeza. Ao fim do dia, você já terá se cansado e sua capacidade de julgamento sobre o que deve sair e o que deve ficar estará comprometida.
Não tenha medo de descartar
O início do trabalho de descarte é sempre mais complicado. Afinal, se aquelas coisas estão ali é porque fazem ou já fizeram algum sentido para você. Contudo, depois de se livrar dos primeiros itens, o processo ficará mais fácil.
Tenha um motivo
Ao avaliar se um objeto fica ou se ele vai embora, faça-se as seguintes perguntas: “eu tenho uma utilidade para este objeto?” ou “eu tenho um motivo para manter este objeto?”
Lembre-se: a utilidade e o motivo devem ser reais. Não invente justificativas para que um objeto fique com você.
Dê um novo destino
Você não precisa jogar no lixo os objetos que descartar. Pense em alguém próximo que gostaria de receber um mimo, ou doe para algum lugar que necessite.
Além de se sentir bem com o resultado da limpeza, você se sentirá bem ao fazer uma boa ação.
Guardar objetos, seja por apego, seja por acúmulo, geralmente está ligado a crenças. Desde pequenos, somos induzidos a acreditar que possuir certas coisas nos trará felicidade.
Porém, até que ponto isso é verdade? Devemos avaliar a nós mesmos e descobrir o que nos motiva a guardar o que guardamos. Se for por uma boa razão, e se nos dá prazer rever um objeto que possuímos há anos, vale à pena continuar zelando aquele bem.
Nosso post te ajudou a esclarecer algumas dúvidas sobre as diferenças entre guardar objetos para preservar a recordação e memória e acumular? Então, siga-nos no Facebook e veja em primeira mão as nossas novidades!